Durante as férias de janeiro, alguns amigos nossos foram acampar. Nós não pudemos ir, estávamos viajando. Ficamos de longe, curtindo as fotos que eles nos enviaram do camping que ainda não conhecíamos, certos de que em breve nos encontraríamos em mais um final de semana de mosquito, saco de dormir e lanternas. No final de semana que passou, matamos a vontade acumulada, com direito a chuvarada e banho de lagoa ao luar (fui contra no primeiro momento, apenas para ver quão boba consigo ser), a melhor banana assada na brasa, umas músicas horrorosas (há controvérsias, mas acreditem em mim), outras melhores (há controvérsias, mas acreditem em mim), sol, chuva de novo, mais sol.
Pegamos a estrada em direção ao sul do estado com certa apreensão pela previsão de tempo instável. A chuva veio já no caminho, mas logo um arco-íris pintou o céu, e as cores do final de tarde me fizeram imaginar o que eu faria diante daqueles campos se meu sobrenome fosse Gogh. Horas mais tarde ainda temíamos a previsão do tempo, mas experimentamos aquela já familiar sensação de leveza cada vez que olhamos ao redor e vemos as barracas. Acho que a Amanda sabe o que diz quando afirma que sentirá saudades da infância.
Não sei bem como descrever as delícias de um acampamento melhor do que fazem as fotos, então deixo por conta delas. Falemos um pouco dos perrengues, para que no futuro a gente se lembre que conseguimos rir deles também.
Nossa vila.
Minha barraca e minha vizinha.
Quando a noite chega, a gente esfrega duas pedras e faz fogo. Ou quase isso.
Aqui um momento tenso. Mas quem liga, olha aquele céu lá atrás.
Aí ela chega também.
E a criançada de várias idades pula na água.
Mas antes organiza excursão com lanternas e explora a região.
Na boa, meu.
Acampamento com pia, eu sei. A gente tá meio mimado, mas finge que é roots. A gente curte as regalias da cafeteira e da panela elétrica, mas resfria a melancia na água fresca da lagoa e grita "roots, somo roots!".
Na real, basta-nos o pé descalço longe do formigueiro e o cheiro de mato lavado, a comida coletiva com capricho ou improviso, o bolo repartido, o macarrão esquecido, o relógio largado, o brinde de copo errado, a surpresa da lua atrás daquela nuvem, as crianças procurando o gato e descobrindo o pica-pau. E quando não der pra ir junto, a gente quer planejar o próximo. A gente quer o comentário do amigo sobre a comida: "tá sem gosto". A gente quer o vinho ruim (mentira). A gente quer os melhores hotéis, esses com vento no cabelo e, como dizem por aí, não cinco, mas bilhões de estrelas. Vem, gente.
Um gatinho que levei.
Socorro, me salvem.
Stress.
Ulisses, as crianças e a pescaria sem peixe.
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