Porque passaria na locadora depois da aula, pus os DVDs na porta do carro - não no porta-luvas ou no banco de trás, para não correr o risco de me esquecer deles, mas na porta da motorista mesmo. Fui à aula. Depois de ferir os ouvidos da minha professora de piano mais uma vez, tomei um café com uma amiga e fui ao mercado comprar carne. Comprei a carne. Peguei o carro e fui pra casa. Entrei na garagem, desliguei o carro e abri a porta; e só então me lembrei dos DVDs. Saí de casa de novo e fui à locadora fazer a devolução. Filmes entregues, voltei pra casa. Tomei banho. Fomos para o melhor lugar da cidade nesses dias frios: o edredom. E fomos nos aninhando naquela felicidade simples por aquele momento em que nada mais resta a fazer, o dia acabou, é só relaxar. Ligamos a TV do quarto para ver algum episódio repetido de algum seriado em algum canal.
- O que será que vai passar?
- Sei lá. Deu certo lá no café?
- Sim, foi ótimo.
- Conseguiu passar no mercado?
E só então me lembrei da carne. Ele saiu do edredom e desceu pra salvá-la de passar a noite no porta-malas, onde fatalmente seguiria para meu trabalho na manhã seguinte, e foi guardá-la no freezer. Não sei o que passou na TV, porque dormi.
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Antes de entrar na minha casa, as visitas percebem que o cachorro comeu parte do tapete. Se alguém me pergunta porque não substituo o velho e surrado tapete mordido, respondo que o Floquinho ainda não acabou. E que só ganha sobremesa quem come tudo.
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A tarefa da escola para o Arthur era levar uma azaleia ou um hibisco. Fomos ao quintal colher a flor, e os olhinhos da Amanda estampavam uma inveja tão linda:
- Eu também vou ter essa tarefa depois?
- [Abraço.]
E só agora passa pela minha cabeça que eu poderia ter colhido outra flor para ela levar também, vejam vocês. Nem memória, nem timing.
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Na manhã ensolarada houve passeio pelo bairro. Arthur e Amanda voltaram esbaforidos, entraram em casa correndo em disparada: estavam fugindo dos temidos orcs. Logo se abrigaram no Centro da Terra, que fica na sala, especialmente à sombra da grande caverna que os protegeria dos famigerados dinossauros (não me perguntem pelos orcs), ou seja, no sofá. Fugiram e correram e lutaram bravamente até a hora do banho. Amanda então subiu as escadas rumo à grande cachoeira e se banhou com cuspe mágico de dinossauro. É um cuspe limpinho, que já vem com sabão. Durante o banho na cachoeira de cuspe, ela brincou com o galho-mangueira e me alertou para que tomasse cuidado com a planta carnívora que está ali disfarçada de privada. É preciso estar sempre alerta, uma casa com crianças tem muitos reinos.
4 comentários:
É mesmo um conto de fadas...aiai!!lindo! Bjuss
Que delícia de história, sou fã dessas crianças! <3
Falar em história, já viram aquela edição do "Peter e Wendy" da Cosac & Naify? Coisa LINDA.
Não, Deh, mas vou espiar. Bj!
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