Nosso guia de hoje não tinha a mesma simpatia do de ontem,
mas sobrou na eficiência – ou na sorte. Conseguiu nos levar a vários pontos de
onde pudemos observar a fauna do Pilanesberg Park e fez de nosso segundo safári
um passeio tão gostoso quanto o primeiro. Nem a chuva que nos visitou por
alguns minutos atrapalhou, ainda que tenhamos nos molhado um pouco e sentido frio
em um dia que, até aquele momento, tinha sido de sol e calor. Mas ela logo foi
embora deixando um arco-íris perfeito para enfeitar ainda mais a paisagem.
Sou bonita?
Acho que hoje não houve aula para os bichos, porque todos os
filhotes estavam na companhia de suas mães ou pais. Vimos vários bebês, sempre
acompanhados de um exemplar maior e protetor: hipopotamozinho, zebrinha,
gnuzinho, elefantinho, rinocerontezinho. Amanda batia palmas, foi à loucura de fofice.
Mamãe gnu e gnuzinho.
E se ontem foi o dia dos antílopes aos montes, hoje era o dia
dos grandões. Os rinocerontes estavam por toda parte. Vimos um grupo de
elefantes bebendo água, além de um enorme e solitário, caminhando lentamente no
meio de uma grande planície – uma cena tão encantadora que merecia um poema. O
cenário era perfeito, com luz de final de tarde, montanhas ao fundo e todo
aquele tamanho. Elefantes são imensos e por isso me assustam tanto, mas vê-los
assim, livres e tão bonitos, apenas ao alcance de meu olhar, foi algo incrível.
Um bicho enorme com um chifre de respeito.
Nem senti medo.
Já na reta final do passeio, um outro carro cruzou caminho
conosco e avisou ao nosso guia sobre a localização de alguma coisa interessante.
Ele acelerou ignorando a buraqueira da estradinha e logo entendemos o porquê de
tanta pressa: um casal de leões a pouquíssimos metros do limite da estrada,
rondando grupos de antílopes que conseguíamos avistar ao fundo. Comecei a
fotografar a leoa porque foi tudo o que vi até que alguém mencionou a presença
do macho. Ulisses falou para eu olhar um pouco mais para trás e mal pude
acreditar. Ele, com toda aquela juba e imponência, seguia os passos da leoa.
Logo, tendo recebido o aviso por rádio, outros carros de safári se juntaram a
nós. O casal real continuou seu caminho, cruzou a estrada bem a nossa frente –
eu tremia de emoção – e se abaixou no meio do mato para espreitar o cardápio.
Alguém chegou a perguntar ao guia sobre nossas chances de ver um bom pega-pega,
mas ele explicou que aquilo provavelmente levaria horas, eles ainda seguiriam as possíveis vítimas por um bom tempo e talvez acabassem optando por outras presas, já que os
tais antílopes são bons de canela. Nunca saberemos. Mas jamais esqueceremos, de
novo.
Voltamos com a noite já chegando, uma lua fina sobre as montanhas. A poucos metros da saída do parque ainda vimos uma mamãe hipopótamo com seu filhote gorducho caminhando pela beira da estrada. Ela se escondeu e ficou quietinha. Nós paramos ao lado e Ulisses, rápido e malvado, tacou um flash bem aceso nos olhos dela, que saiu correndo. Os outros turistas não devem ter gostado nada, já que mal tiveram tempo de ver o bicho.
Amanhã faremos nossa última visita ao parque e nem sei mais o que esperar. Já tenho lembranças valiosas daqui, já vi mais do que esperava, já vi aquele brilho nos olhos das crianças. Sou toda gratidão. Salve, África.
3 comentários:
Ai, que emocionante ver um elefante. E tudo o mais, mesmo, mas poxa, um elefante!
Toda arrepiada aqui. Que viagem delícia.
É linda!, responde a Maitê pra D.Girafa!
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