Day 15: Favorite holiday book
Imediatamente após ler Paula, embarquei na leitura de A Soma dos Dias - Memórias, também de Isabel Allende. Acho que acabei fazendo o que Allende tinha em mente: contrabalançar a intensidade de Paula com a leveza de um livro bem mais suave, uma espécie de elixir para a dor. Autobiográfico como Paula, A Soma dos Dias oferece um lenço para secar as lágrimas geradas pela leitura do primeiro. É o relato do que veio depois, do rumo que tomou sua vida após o ocorrido com a filha (se você ainda não sabe o que ocorreu com Paula, pare aqui, pois lá vem spoiler). O título é bem oportuno, pois quem já perdeu alguém querido sabe que o caminho para a superação da dor vem na forma "um dia por vez"; A Soma dos Dias conta o que Allende fez para continuar no mundo sem sua filha. Novamente é um texto direcionado a Paula: no primeiro livro, Allende escrevia para que as histórias não se perdessem e ela pudesse contá-las à filha quando esta saísse do coma; no segundo, escreve como se contasse à filha o que aconteceu com a família após sua partida.
A narrativa se inicia tocante e melancólica para, à medida que os curtos capítulos se sucedem, tornar-se solta e alegre. Allende apresenta sua família, narra viagens (inclusive ao Brasil), conta de seus amigos e amores, de sua casa, de sua escrita. Há vários episódios cheios de humor ou mesmo beirando o ridículo. É certamente um livro para fãs, com anedotas familiares e detalhes sobre a rotina da escritora. Perfeito para um feriadão esticado/a no sofá. Falei que adorei?
A narrativa se inicia tocante e melancólica para, à medida que os curtos capítulos se sucedem, tornar-se solta e alegre. Allende apresenta sua família, narra viagens (inclusive ao Brasil), conta de seus amigos e amores, de sua casa, de sua escrita. Há vários episódios cheios de humor ou mesmo beirando o ridículo. É certamente um livro para fãs, com anedotas familiares e detalhes sobre a rotina da escritora. Perfeito para um feriadão esticado/a no sofá. Falei que adorei?
"Quando meu primeiro romance foi publicado, vários membros da família de minha mãe se chatearam comigo, uns porque nossas idéias políticas estão em extremos opostos e outros porque consideravam que eu havia traído nossos segredos. 'Roupa suja se lava em casa' é o lema do Chile. Para escrever esse livro, peguei como modelos meus avós, alguns tios e outros personagens extravagantes de minha numerosa tribo chilena, e utilizei também as histórias que durante anos escutei meu avô contar e os acontecimentos políticos da época, mas nunca imaginei que algumas pessoas tomariam isso tudo ao pé da letra. Minha versão dos fatos é oblíqua e exagerada. Minha avó nunca pôde mover uma mesa de bilhar com o pensamento como Clara del Valle, nem meu avô era um estuprador e assassino, como Esteban Trueba no romance. Durante muitos anos esses parentes não me dirigiram a palavra ou me evitaram. Pensei que o filme seria como jogar sal na ferida, mas aconteceu o contrário. O poder do cinema é tão acachapante que o filme se transformou na história oficial de minha família, e fiquei sabendo que agora as fotos de Meryl Streep e Jeremy Irons substituíram as de meus avós." (Tradução de Ernani Ssó)
3 comentários:
Bacana esse trecho, hein. Porque sempre tenho a impressão de ter de fazer como Anais Nin e esperar os envolvidos nas histórias morrerem para só depois publicá-las. Senão acredito numa reação dessas, ou dos personagens de Desconstruindo Harry, de Woody Allen: que os parentes-amigos-inspiradores queiram pegar o autor na porrada.
está tão agradável esse blog com cheirinho de biblioteca =)
Tina, já pensou, ter sua vida descascada em um bestseller???
Dária, num tá? Acompanhe os outros blogs, listas deliciosas!
bjs
Rita
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