A relação imediata e mais óbvia que esse tópico nos leva a fazer é com a infância, época por excelência das "bedtime stories". As lembranças são inevitáveis, ainda que sejam fantasiosas ou emprestadas de filmes. A imagem de um adulto lendo para uma criança dormir poderia ser descrita como sinônimo de carinho, parte naturalmente integrante da maternidade/paternidade: ler para um filho, contar uma história, instigar a imaginação, preparar o terreno dos sonhos. Imagino que, criança, eu olharia para o teto, visualizando as aventuras, pondo meu rosto nos personagens, tendo a força e a coragem que me faltassem durante o dia. Isso se eu tivesse tais lembranças porque na verdade não as tenho. Se minha mãe leu histórias para mim, isso foi há tanto tempo que a imagem se perdeu soterrada pelas memórias que se formaram depois. Meu pai certamente não o fez. Cresci vasculhando as histórias sozinha e desconfio que esses eram meus momentos mais felizes de menina. Mas celebro muito o tempo que passa e nos arrasta vida afora, porque às vezes ele preenche lacunas da forma mais doce: meu filho lê para mim. Já leu vários, mas gosto muito (como vocês já sabem) quando ele me conta essa aí:
"Era uma vez uma árvore... que amava um menino."
(A Árvore Generosa, de Shel Silverstein, tradução de Fernando Sabino)
Recomendo a todos, de qualquer idade, a história da árvore que amou e deixou partir, encarou tristeza e saudade, cedeu frutos e até seu tronco e, quando poderiam imaginar que ela já não tinha qualquer serventia, foi ombro. Para ler sozinho, a dois, a mil - mas se tiver um pequenino que leia para você, tanto melhor. A história já é linda, mas na voz do Arthur ela é sublime.
1 comentários:
Eu quero comprar esselivro pra Nina mas tenho medo de chorar.
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