''Si tu viens, par exemple, à quatre heures de l'après-midi,
dès trois heures je commencerai d'être heureux."
(É em julho, mas a gente fica feliz antes.)
Lá no finado ano de 1998, enquanto estudava em Londres, transformei o feriado da Páscoa em três semanas de recesso e fiz um rápido giro por alguns cantinhos da Europa. Foi um passeio bom pelas razões óbvias e que me deixou com gostinho de quero mais eterno; foi divertido pelo que vi e visitei, mas também pelo ótimo grupo com quem viajei, composto em sua maioria por australianos, além de neozelandeses, sul-africanos e pessoas vindas de vários outros cantinhos do mundo; foi enriquecedor e barulhento, inesquecível e, digamos, eclético, para usar uma palavra bem apropriada. A profusão de idiomas, sabores, cheiros e cores daquela viagem alimentou muito papo bom depois, deu-me amigos e fotos desfocadas em minha velha kodak, além de uma coleção inútil de moedas da qual devo ter me desfeito, apesar de não me lembrar quando ou como. Tour gastronômico, etílico e turístico para estudante nenhum desse mundo botar defeito, minha pequena batida de pernas fez valer muito a pena cada centavo aplicado e transformado em pequenas doses de variedade, coisa de que gosto demais nesse mundão.
Um dos pontos altos da viagem era, sem dúvida, Paris. Era também o último ponto antes de retornamos a Londres pelo Canal da Mancha, cheios de vínculos pessoais eternos que se desfizeram em semanas ou meses. Paris encerraria a grande farra com chave de ouro e transformaria meu conceito de cidade bonita. Passei pouco mais de dois brevíssimos dias reerguendo meu queixo e anotando, mentalmente, que um dia voltaria, com mais tempo, com outros olhos e sabe-se lá em que companhia. Voltaria para passear sem pressa, perder-me nas ruas e pontes, olhar, olhar, olhar.
Daqui a pouco mais de um mês voltarei, acompanhada daquele que já me fazia suspirar diante da Torre Eiffel enquanto pensava, cheia de romantismo piegas regado a vinho, "aquele mané bem que poderia ver isso aqui comigo, aff". Agora, enfim. Com mais tempo, outros olhos, um par de filhos e um bom número de anos que me transformaram tanto que chego a pensar que será, de novo, a primeira vez, voilá. Se tudo der certo, partiremos em 03 de julho, dia em que minha mãe completaria 71 anos, para o último mês do mesmo recesso de que usufruímos no ano passado. Estamos matriculados em um curso de língua francesa que frequentaremos em horários alternados, dividindo nosso tempo entre as aulas e as crianças. E umas espiadas nas redondezas.
Não temos pensado muito em tudo que nos espera no nosso julho quente, envolvidos até o pescoço com a rotina ligeira e outros projetos instigantes (ai, minha língua coça, mas tudo tem seu tempo). No entanto, há algo que já antecipo com um sorriso bem fácil: tenho encontros marcados. Tenho encontros marcados com amigas que fiz aqui nessa blogosfera imprevisível, encontros com pessoas que já fazem parte de minha vida, com quem tenho dividido mais que posts and comments. Tenho amigas a abraçar e será a Paris, mon dieu! Eu ainda vou agradecer muito por aqui todas as dicas e toques, favores enormes e deslocamentos planejados para me ver (a gratidão, a gratidão), mas começo já. Amanda, Luci, falta pouco. Seulement un petit peu, é assim? Quero tempo para estacionar no blog da Dé e em suas dicas imprescindíveis, quero ir, quero ir. Fiquem aí, paradinhas.
Além de encontrar amigas blogueiras, passear com meus pequenos e meu grandão, essa será minha terceira tentativa séria de engrenar um curso de francês que me faça ir além do passé composé. Tenho fé e laptop. A língua, aliás, será a cereja do bolo, para o bem e para o mal. Meu francês inteiro já foi usado neste post e o do Ulisses ainda nem existe. Mas a gente encara, com vontade de experimentar e, certamente, aprender um tiquinho, rindo aos montes. Porque inevitavelmente diremos muitos Pardon?. Como garantia, ouvidos atentos e paciência. Espero que estejam em voga nesse verão.